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A “boa imprensa cristã” e Eurico Gaspar Dutra contra a Mancha Negra: os discursos do jornal Cruzeiro contra o comunismo na década de 1940[1]

 

Jakson dos Santos Ribeiro [2]

 

Graduado em Licenciatura Plena em História/UEMA (Brasil).

 

 

Resumo. O presente artigo busca analisar os discursos do jornal Cruzeiro, periódico religioso que circulou na cidade de Caxias-MA, na primeira metade do século XX em relação ao comunismo, que assim como se fez presente durante outros momentos da história política do Brasil  também era vigorante no governo de Eurico Gaspar Dutra, nosso foco de análise. Mediante a esta questão, o texto visa apontar a representação instituída pelo jornal sobre o efeito das ideias comunistas para o Brasil daquele contexto.

 

Palavras-chave: Discurso. Jornal. Comunismo.

 

Abstract. This article seeks to analyze the speeches of the newspaper Cruise, religious periodical which circulated in the city of Caxias, MA, in the first half of the twentieth century in relation to communism, which was present as well as other times during the political history of Brazil was also invigorating the government Eurico Gaspar Dutra, our focus of analysis. Upon this question, the article points out the representation established by the paper about the effect of communist ideas to Brazil that context.

 

Keywords: Speech. Newspaper. Communism.

 

 

Resumen. Este artículo pretende analizar los discursos del crucero diario, periódico religioso que circuló en la ciudad de Caxias, MA, en la primera mitad del siglo XX en relación con el comunismo, que estaba presente, así como otras veces durante la historia política de Brasil también fue vigorizante el gobierno de Eurico Gaspar Dutra, nuestro foco de análisis. Sobre esta cuestión, el artículo señala la representación establecido por el artículo sobre el efecto de las ideas comunistas a Brasil ese contexto.

 

Palabras-clave: Discurso. Periódico. Comunismo.

 


O combate ao comunismo

Na face da Terra, nada há mais impuro, nada mais corrupto do que o comunismo. [3]

 

 

 

 No período em que ocorre A Segunda Guerra Mundial, o Partido Comunista ganha expressivo número de adeptos, principalmente pelo fato do seu apoio no movimento “queremista”, que buscava afirmar a continuidade de Getúlio Vargas no governo. Devido a esse aumento de seguidores, o partido resolve também participar das eleições que acontecem em 1945, na ocasião, o nome cogitado para pleitear a presidência é Yedo Fiúza. O partido, nesse contexto, também reafirmou seu apoio à União Soviética, através de Luís Carlos Prestes.

 

A aproximação do governo brasileiro com o da URSS foi importante para modificar o relacionamento entre o governo e os comunistas no Brasil. Dada a situação de transformações políticas e econômicas que se verificavam internacionalmente, os comunistas solicitaram seu registro provisório ao Tribunal Superior Eleitoral em 3 de setembro de 1945, apresentando um programa em que afirmavam ser um partido de trabalhadores, dedicado à luta pela emancipação econômica, política e social do Brasil. Ocorreram, então, manifestações reacionárias contrárias à legalização do partido.[4]

 

Nesse sentido, podemos assinalar a volta ao público do partido, após anos de vivência no “silêncio”. [5] A volta do comunismo à cena social vai conviver com um momento de muitas reivindicações, devido à repressão realizada desde o início do Estado Novo, os barulhos nas ruas não eram ações bem vistas por Vargas durante a sua administração.

Desse modo, no governo Dutra a situação não se configura em uma ótica diferente do período anterior à sua administração, a caça aos comunistas é realizada até mais intensamente, pois condenava o movimento comunista como o próprio desequilíbrio social. Sendo assim, Dutra vai considerar o comunismo como algo ruim para a sociedade brasileira.

O comunismo[6] era visto como um mal social pelo jornal Cruzeiro, pois, na concepção do periódico, as ideias comunistas ocasionavam o desequilíbrio social, em que a desordem e o caos seriam as consequências provocadas com a disseminação dessas ideias no espaço social, em qualquer lugar em que existissem adeptos, ou mesmo pessoas que disseminassem esses princípios. Por isso, o jornal acrescentava:

 

Para sabermos para que tende o seu nefasto ideal, e para medirmos a extensão de sua degradação moral, notemos o que disse, em 1925, Federação Feminina Comunista: ‘Jamais será possível revolução enquanto existir a família e o espírito familiar. A família é uma constituição burguesa, inventada pela Igreja... é preciso aniquilá-la.’[7]

 

Baseado nessas considerações, o jornal combatia ferrenhamente essa concepção ideológica, ecoada pelo Partido Comunista [8] no país, pois, como foi apontado na citação acima, o comunismo era um ameaça ao núcleo responsável pela ordem na sociedade, à família. Nesse sentido, o Cruzeiro, nos aponta:

 

A instituição familiar repousa sobre o casamento ou matrimônio, cujas condições sociais são: a unidade e a indissociabilidade. O divórcio, tão apregoado pelo comunismo, abala a firmeza da família, constitui um retrocesso da civilização e perturba a ordem social.

A instituição familiar fruto dos ensinamentos dos Santos Evangelhos, visa a purificação das almas, a conservação do decoro entre as gentes e fazê-las progredir no trabalho e na virtude.[9]

 

Além dessa prerrogativa que, segundo Cruzeiro, seria uma maneira de provocar uma desordem, os discursos do jornal também eram de acordo com os preceitos do Estado, como bem podemos frisar durante o governo de Eurico Gaspar Dutra[10], esse também foi um agente de combate aos princípios ideológicos do comunismo no país. [11] Segundo Boris Fausto,

 

Começou no governo Dutra a repressão ao Partido Comunista. Ela derivou do peso das concepções conservadoras, do crescimento desse partido e da modificação das relações internacionais entre as grandes potencias. O PCB surgia em 1946 como o quarto partido, calculando-se que contava, em 1946, entre 180 mil a 200 mil militantes.[12]

 

Essa postura do presidente em relação ao partido comunista se configurou a partir da postura tomada quando no mundo pós Segunda Guerra Mundial a guerra fria se tornou uma realidade no cenário mundial.[13] Para Buonicore,

 

Diante desta nova conjuntura internacional que se abriu, o conjunto da burguesia brasileira e o governo Dutra cerraram fileiras ao lado do imperialismo norte-americano, colaborando ativamente para o seu esforço de guerra contra a URSS. Isto fez acirrar ainda mais a repressão interna contra os comunistas brasileiros e consequentemente contra o movimento operário em geral.[14]

 

O jornal ressalta que o Brasil devia buscar se espelhar na própria concepção americana, principalmente nas táticas de repressão contra os princípios comunistas. Desse modo, para o Cruzeiro, a tomada de decisão de Dutra durante o seu governo em organizar forças para reprimir o comunismo foi para aquele momento algo ímpar na história, pois marcaria o posicionamento do presidente aos domínios americano. No trecho abaixo, o jornal mostra como são feitas nos Estados Unidos as ações de repressão ao comunismo, como também as maneiras de conscientizar as pessoas que as ideias comunistas não são necessárias. Assim, o jornal considera:

 

Contra esta força tirânica que conhecemos como comunismo, os Estados Unidos se apresentam como o grande campeão da liberdade. Contra esta força, os Estado Unidos desenvolveram e puseram em vigor um programa positivo a fim de fortalecer a democracia e a liberdade. O nosso programa foi elaborado para fortalecer os Estados Unidos e para auxiliar as outras nações livres contra agressão e subversão.

‘Sabemos que a maior ameaça não vem dos comunistas deste país, onde são barulhentos, porem em pequeno número, e são universalmente desprezador. A maior ameaça vem do comunismo imperialista do exterior, onde reside o centro de sua força militar e econômica. O verdadeiro perigo é que o comunismo pode subjugar outras nações livres, desse modo fortalecendo-se para último ataque contra nós’.

Estamos desfechando fortes golpes contra a subversão comunista onde quer que apareça. Estamos apresentando vigorosamente os programas nacionais a fim de melhorar o padrão de vida de nosso povo, assegurando iguais oportunidades para todos, promovendo a melhoria da saúde e do nível educacional, garantindo a segurança e a liberdade.

‘Estes programas não foram especificamente elaborados como medidas anticomunistas. Nós o teríamos posto em prática mesmo se não houvesse um único comunista. Não obstante, os programas encontram-se entre armas mais fortes de nosso arsenal contra o comunismo’.[15]

 

Desse modo, os ideais comunistas começaram a ser perseguidos diante da realidade brasileira tendo como prisma estas experiências vividas nos Estados Unidos, pois com a nova conjectura no plano internacional ficou claro que a postura de Dutra seria constituir estratégias de combate a quem ousasse não apresentar-se como adepto da concepção comunista.  Segundo Aggio,

 

A passagem de Eurico Gaspar Dutra pelo poder foi relativamente discreta. Não fosse pela linha dura assumida pelo seu governo em relação ao comunismo e ao movimento sindical, Dutra teria passado à história como um presidente essencialmente legalista. Rigorosamente apegado à Constituição quando se tratava de qualquer assunto, o general a ignorava no tratamento dispensado ao PCB e às manifestações operárias.[16]

 

Como bem frisa o autor, se não fosse por essa ação autoritária de combate ao movimento comunista, podemos perceber que o governo Dutra teria sido apenas um governo apagado dentro da história política do Brasil. O autor acima ainda considera que a repressão de Dutra ao Partido Comunista foi justiçada devido à força eleitoral alcançada, principalmente com a emergência de mais sindicatos representando por sua vez uma forte ameaça que era para Dutra um perigo para o país. De acordo com Aggio,

 

Dutra reprimiu com severidade o Partido Comunista, que após 1945 havia ganhando terreno no interior dos sindicatos e emergia, ademais, como força eleitoral responsável, configurando-se no quarto partido do país, tendo até mesmo conquistado a maioria na Câmara Municipal do Distrito Federal. Em maio de 1947, o Supremo Tribunal Federal proscreveu o registro partidário do PCB e, oito meses mais tarde, foram cassados todos os parlamentares eleitos pela agremiação. Paralelamente à proscrição do PCB, o governo passou a intervir de forma direta nos sindicatos, o Estado tinha como objetivo intrínseco a desmobilização das organizações operarias que buscavam a autonomia perante o aparelho estatal. [17]

 

Assim, Dutra buscou conter arduamente o PCB e as agitações sindicais e populares. Depois do começo de seu governo, em dois de março de 1946, obteve através da Assembleia Nacional Constituinte a aprovação da manutenção do texto constitucional de 1937 até a promulgação da nova carta. Assim, os poderes ditatoriais da constituição instituída no Governo do Estado Novo, em 15 de março, através do Decreto-Lei número 9.070, adequou o direito de greve de forma draconiana, o que representou a impedimento quase total dos movimentos grevistas. Em maio do mesmo ano, o governo baniu do funcionalismo público as pessoas que eram adeptas dos princípios ideológicos comunistas. [18]

Por isso, diante da tomada de decisões realizada por Dutra, notamos que o Cruzeiro já fazia campanha em suas páginas mostrando como os ideais comunistas não seriam preceitos saudáveis para os caxienses, como para a Nação. Principalmente por que as ideias do partido comunista, como também das agremiações locais que o representavam, combatiam as posições defendidas pela Igreja Católica. Conforme o Cruzeiro,

 

O comunismo, fonte do opróbrio e de miséria, propende para a queda da Santa Igreja de Jesus Cristo, para ruína da sociedade cristã, para a anulação da liberdade e assim, para coação de todos os homens.

No momento, necessitamos lutar contra o regime russo, que é o mesmo de Lúcifer; necessitamos lutar pela indissolubilidade da família, pela vitória da Igreja Católica. Necessitamos lutar para que o nosso portentoso Brasil, Terra de Santa Cruz, não seja tocado pela mancha negra do comunismo. [19]

 

O jornal ratifica que no mundo haveria muitas doutrinas, credos, ideologias, mas que os cristãos deveriam saber identificar para que assim como na passagem fosse pertinente e sábio que as pessoas de modo geral soubessem fazer a separação do joio e do trigo, ou seja, se tornava pertinente uma sabedoria das pessoas para identificar quais as ideias que trariam felicidade, paz, e não provocassem uma desordem, um mal estar social, como os princípios do comunismo, segundo o jornal Cruzeiro, estava provocando desde sua emergência no espaço social, tanto de Caxias como em outros espaços geográficos. Nesse sentido, o jornal ressalta:

 

Haverá sempre, no mundo imenso das almas, por entre o loiro dos trigais, o perverso florescimento do joio e das inúmeras doutrinas falsas que medram por entre o trigal do Catolicismo. O comunismo ateu, como Pio XI chamou em sua encíclica ‘Divini Redemoptoris’, é a mais perniciosa das cizânias. Com suas ideias completamente opostas, com a negação total do nosso Credo, é a que mais danos causa ao mundo.[20]

 

Percebe-se que o jornal preocupava-se em demasia como as ideias comunistas poderiam desestruturar o núcleo familiar, pois o jornal acreditava no fortalecimento da sociedade, no progresso do país, a partir do bem estar do núcleo familiar. Para o periódico, era a base do desenvolvimento do Brasil quando a família estava assegurada pelos bons princípios, principalmente quando a família buscava estar ancorada na fé das ideias da Igreja Católica.[21]. De acordo com Pires,

 

No que concerne ao catolicismo, a Igreja desempenhou um papel mais intenso de combate ao comunismo no século XX. O comunismo seria um inimigo e um desafio à sobrevivência da religião. Para alguns intelectuais católicos, o comunismo era mais um inimigo a ser combatido para a sobrevivência da religião, e representava mais uma provação que desde a Antiguidade vinham se defrontando, sobretudo com a Renascença.[22]

 

Por isso que o periódico trata as ideias comunistas como cizânias. Na visão do jornal, as ideias que os comunistas pregavam poderiam se tornar verdadeiras ervas daninhas, encontrando muitos adeptos que as espalhariam por todo o país, provocando desestruturação dentro da sociedade. Por isso, essas ideias teriam que ser combatidas o quanto antes, visto os efeitos que elas trariam para homens e mulheres, ao que se referre a Caxias, como em nível de Brasil. O jornal afirma:

 

Tem o comunismo um caráter verdadeiramente perseguidor, não apenas contra autoridade da Igreja, rastejando à sombra de suas instituições, destruindo o que sua doutrina construiu e o cimento dos séculos petrificou, mas ainda contra tudo o que revela divindade. Todas as instituições que se baseiam no espiritual e no moral, são cruelmente atacadas e perseguidas pelos seus partidários. Por isso Pio XI não trepida em denominar de ‘ luta contra a civilização Cristã’, a ideia materialista que eles a guisa de fantasma, colocaram sobre o pavilhão rubro, não só na cor, mas, vezes tantas, no sangue de tantas vítimas.[23]

 

Desse modo, o jornal apresenta em suas páginas que o comunismo é uma ilusão, e mais ainda que as pretensões dos comunistas não poderiam se consolidar. Primeiro pelo fato que teriam sempre os representantes da Igreja para rebater a propagação dessas ideias, desses princípios ideológicos, como também por ser utópico, pois um dos pontos, segundo o Cruzeiro, uma das principais preocupações dos comunistas eram as condições dos trabalhadores, e isso era uma máxima defendida por vários representantes que estavam espalhados pelo país. Nesse sentido, o jornal considera:

 

O ideal comunista, na expressão filosófica, é um sonho quimérico, uma ilusão subjetiva, ainda admitida por certos cérebros doentios, que, com sofismas, pretendiam aliciar os fracos e escarnecer a boa fé de nossa gente.

O proletariado é uma instituição adaptada á natureza humana. Os homens desiguais nos sentimentos e modos de vida, nasceram, contudo, para viver em sociedade. E procuram reunir-se de conformidade com seus interesses e à altura de sua cultura e condição. É sabido que o comunismo faz à classe operária promessas que não pode cumprir. Quem ler algum artigo sobre a Rússia atual, verá que lá operário ainda vive sobre o regime do chicote, da opressão e da miséria.

A civilização Cristã tem por base o amor e o respeito Á liberdade. O comunismo nega ao homem todo e qualquer direito como pessoa, pois ele destrói a liberdade humana em todo sentido. Para ele, o homem é apenas membro de uma coletividade, cujas exigências têm de submeter-se sem direito de escolha. [24]

 

Nota-se que os argumentos do jornal se direcionam para criar uma representação pejorativa sobre os efeitos das ideias comunistas para os cidadãos, como para os cristãos de maneira geral. Nesse sentido, o jornal não deixa de exemplificar como as teorias comunistas não acrescentam em nada para o crescimento das pessoas que lhe são adeptas.  Por isso, o jornal aponta:

 

O comunismo é o materialismo absoluto e desconhecendo tudo o que é moral e espiritual, desconhece, por isso mesmo, o matrimonio. O casamento elo de ouro que liga o diamante de duas algumas, para a vida e para a morte, no cristianismo, para ele não passa de uma ligação artificial, instituída pela Igreja, para a escravização dos homens. O amor entre elas diz: nada é mais que um instituto animal. Os filhos não pertencem aos pais, e senão do Estado, porque ninguém tem direito a nada; nem mesmo aos próprios filhos. O Estado é o grande Deus do regime.[25]

 

Como se pode perceber no trecho acima, os discursos anticomunistas do jornal Cruzeiro nos permitem identificar que a identidade constituída acerca do comunismo se configura como algo maléfico, e nesse caso podemos ainda acrescentar que esse tratamento na hora da representação sobre o comunismo [26], e principalmente sobre quem é adepto dessa ideologia, recaí em uma forma de caracterizar o bem e o mal, entre o válido e o ilícito, entre o farol e as trevas, entre o amor e ódio.[27]

Esse jogo linguístico que caracteriza, representa, nomeia o comunismo é uma estratégia encontrada pelo jornal para afirmar, qual o caminho que os cidadãos deveriam seguir. Pois, como a frente anticomunista[28] era feita entre a Igreja, o Estado contra os comunistas, é possível balizar aqui que a forma como os discursos do jornal são elaborados buscava trazer para a ótica social o que era seguir os caminhos defendidos pela Igreja, e quais os efeitos e os caminhos pelos ideais comunistas. Nesse sentido, Carla Simone Rodeghero observa:

 

O discurso anticomunista, produzido por diferentes grupos na sociedade brasileira e divulgado por canais os mais diverso, não eram os funcionários dos Consulados e da Embaixada que precisavam ser convencidos a respeito do perigo do comunismo e da necessidade de lutar contra ele. Talvez precisassem ser convencidos de que os brasileiros estavam fazendo alguma coisa nesta direção, mas isso parece ser uma questão muito mais restrita. Pode-se supor que as pregações da Igreja, por exemplo, tinham como destinatários os membros, tanto os leigos como o clero; a propaganda produzida, financiada e distribuída pelo SESI, por sua vez, visava atingir o operariado; as campanhas desenvolvidas em certos jornais.[29]

 

Ainda nesse viés, a autora nos afirma ainda que a Igreja Católica tomou a luta junto com o Estado para combater o comunismo, pois sentia que a doutrina, a ideologia comunista, poderia se fortalecer diante do espaço social. Assim, era necessário extirpar as ramificações que já haviam sido realizadas e trazer a paz social novamente:

 

Os discursos enfatizaram a função da Igreja em harmonizar a vida social, a denúncia das desordens morais que dão origem a outras desordens, a crítica aos elementos de materialismo contidos no capitalismo, a denúncia do comunismo, como completo abandono da ordem cristã e, também a advertência aos católicos de que não deveriam se aproximar dos comunistas.[30]

  

Os discursos do Cruzeiro sobre o comunismo vão ser direcionados para instituírem na ótica social que é necessário cuidar para que as ideias comunistas não consigam se alastrar pela sociedade, pois já estava conseguindo naquele contexto muitos desarranjos no espaço social, como no próprio meio familiar, em especial a mulher. Para o jornal, os preceitos do comunismo ludibriavam, além da classe trabalhadora, como a mulher, pois a envolvia de possibilidades que não trariam elementos positivos para a família, como para o próprio homem.[31] Assim, o jornal defende:

 

Vejamos agora como o inimigo do gênero humano age para isto conseguir; Tirando a mulher do santuário da família, dando-lhe empregos públicos e industriais, a mulher elevada pelo Cristianismo às alturas de rainha e santificadora do lar, a mulher, cujo culto de respeito era sublime, já entre os romanos, desce, numa vertigem louca a ser no comunismo um instrumento vil, de vis anseios. Não deixando tempo para cuidar dos filhos e afeiçoar-se a eles, como diz o Padre Negromonte: desumaniza os homens, cortando lhes os laços que a própria natureza estabeleceu.[32]

 

Para o Cruzeiro, o comunismo estava promovendo mudanças no meio familiar, que segundo o mesmo não eram bons sinais para a manutenção da ordem, do bem estar social das famílias, como também para a própria Nação. Na visão do jornal, que concebe uma visão conservadora da função da mulher, essa teria que seguir os princípios marianos, que regiam o espaço social das mulheres no espaço da casa, no espaço privado, e não no âmbito da vida pública como bem citavam os ideais comunistas. Por isso, o jornal chamava que todos os bons cristãos se unissem contra o mal social, que era a ideologia comunista. Nesse ponto, ele apresenta:

 

Então amigos, guerra contra o comunismo! Lutais sem tréguas para que um dia ele seja extinto da face da terra. Em vez da bandeira vermelha dos sovietes, possa a Igreja, ostentar aos homens, nos recantos todos da terra, um grande pavilhão de paz. Pavilhão que traga ao centro uma grande cruz, vermelha sim, mas de sangue de Cristo.[33]

 

Segundo o trecho acima, a ideologia comunista não podia ser constituída como uma prática e deveria ser banida da sociedade, pois, segundo próprio trecho apontado, apenas quem poderia trazer para a sociedade, para os homens, a conquista da paz era a religião católica, por que a religião católica tinha como base o próprio livro sagrado, a Bíblia, e a vida cristã do homem que derramou o seu sangue para salvar a vida de homens e mulheres. Dessa forma, para o jornal, a vida deveria ser regada em princípios que lembrassem a própria vida de Cristo, e a única cor vermelha na qual as pessoas cristãs deveriam lembrar era o sangue de Jesus Cristo que morreu na cruz.

Em relação à classe trabalhadora, o jornal apresenta que o comunismo é a própria ditadura da classe, visto ser considerado como uma utopia. Para o Cruzeiro, os vários anos da ditadura do Estado Novo já foram suficientes para que os brasileiros se tornassem prisioneiros e sofressem os males das imposições realizadas nesse período. Desse modo, o jornal, nos fala:

 

O comunismo é a ditadura do proletariado. Ora, estamos fartos de ditadura, assim como de todos os sistemas de governo que encontrem em si a força do poder. Fracassada a ditadura da elite, muito mais razões temos para repudiar a ditadura do proletariado, pois com a tirania dos anos que acabamos de atravessar, os nossos operários não tiveram escolas primarias nem profissionais não adquiriram conhecimentos suficientes para resolver seus próprios problemas. Certamente não estarão aptos para resolver os problemas de 45 milhões. Desta forma, o comunismo não existe por que é uma utopia.[34]

 

O jornal considera um tempo de dedicação, um movimento de defesa, que não proporciona nenhum ganho para quem é tributário dessa ideologia. Essa prerrogativa defendida pelo periódico acaba se tornando um discurso de defesa dos princípios católicos. Mas em outro momento o jornal considera que, apesar do discurso comunista ser um emaranhado de ideias utópicas, é preciso observar na ideologia da “marcha negra” ideias boas para a sociedade brasileira. Nesse sentido, o jornal vem afirmar que no comunismo

 

[...] está contida uma série de medidas sociais e econômicas de grande alcance. Tomemos dele tudo que nos possa ser útil e que possa reverter para o bem do povo e da massa trabalhadora, excluindo lhe todos os indícios de ditadura e de tudo que nos possa ser nocivo. Sendo essas medidas justas e boas, podem elas ser perfeitamente aplicadas num regime democrático.[35]

 

Nesse caso, notamos como o Cruzeiro é menos radical nas suas colocações acerca da força ideológica do comunismo. Isso reflete que, apesar de ser o comunismo considerado como uma corrente radical, ele apresenta, segundo o periódico, ações sociais viáveis para que haja naquele momento melhorias para o crescimento do país. Porém, não podemos deixar de considerar que nem o jornal terá um parecer favorável aos ideais comunistas.

Um aspecto interessante nas considerações do discurso do jornal é a sua chamada para uma democracia, uma união do proletariado com a elite brasileira. Na visão do periódico, esses movimentos que ocorriam no país eram desnecessários, pois seriam apenas uma ação da elite para que os problemas de crise entre as classes se apaziguasse, trazendo a paz para o Brasil.

O Cruzeiro afirma que a situação de desamparo intelectual em que os brasileiros se encontravam  a posição de analfabetismo que ocupavam, a condição de saúde precária que sofriam e o artificialismo social, político e cultural da elite tinham dado aos problemas vividos por eles um caráter de alarmante gravidade. Para o jornal,

 

Depois de padecermos numerosos anos de opressão, vivemos atualmente as mais felizes perspectivas de liberdade e justiça. No entanto, assistimos às serias divergências dos políticos brasileiros no sentido de restaurar solidamente um regime de bem estar coletivo. De um lado a ressurreição dos partidos políticos dirigidos pela elite que não compreendendo os problemas que afetam o povo não cogita de suas soluções, e nessa orientação apenas se debatem em questões superficiais de ordem política e de interesse particular. De outro lado, o povo trabalhador, sentindo-se desprotegido inclina-se cada vez mais à doutrina comunista.[36]

 

Com as afirmações acima, o Cruzeiro acaba caindo no mesmo discurso utópico que busca frisar sobre o movimento realizado pelos comunistas. As considerações chegam ser mais utópica do que o discurso comunista. O jornal aponta a concretização de uma sociedade unida, de uma união de classes. Parece até que o periódico reapresenta a frase de Karl Max, quando no final do seu livro, O Manifesto Comunista, Max diz para que as classes de todo o mundo se unam. A questão aqui apresentada pelo jornal seria a união de classes opostas, operários e patrões. Poderíamos chamar isso de inocência se não tivéssemos analisando os discursos desse jornal.

Em outro momento, o Cruzeiro diz que o desequilíbrio ocasionado pelo comunismo tem solução podendo esse deixar de existir no país. Na ocasião, o jornal noticia afirmando que existem duas espécies de comunistas:

 

Há comunistas por ideologia política e há comunistas pelo desespero da situação social em quem vivem. Aqueles lutam em função da ideologia e estes pelas necessidades econômicas, porque veem no Partido uma espécie de tábua de salvação. Quando descobrem, porém, a situação abandonam o mesmo e ficam  na linha autêntica democrática, seguindo as nossas tradições cristãs.[37]

 

Nesse caso, o jornal considera nessa notícia uma maneira para acabar com o comunismo no Brasil. As considerações apresentadas tomam como base de um senador dizendo uma tática para barrar o avanço do comunismo, como até a própria existência da ideologia comunista. Assim, considera que qualquer pessoa combateria o comunismo:

 

Qualquer um combateria. Basta que se resolvam os problemas sociais brasileiros. Se o governo se dedicar á solução desses problemas pela sua base para não deixar arestas, o Comunismo entre aqueles será extinto e não creio que sem apoio das massas populares se consiga fazer algo em qualquer parte do mundo.

Preciso também seria que mostrássemos aos nossos trabalhadores, o que é a obra do Comunismo russo. Não seria preciso atacar o Comunismo, mas apenas revelar a todos o que de fato é o Comunismo.

[...] os comunistas têm tido importantes deserções. Tanto no Norte como no Sul. Agora mesmo em Aracajú comunistas conhecidos deixaram o Partido. [...] O Brasil é um país católico e não se deixará vencer por uma ideologia materialista.

No momento, estamos de acordo com o pensamento do ilustre Senador Carioca, mas, se olharmos, de outro modo, o sistema de educação moderna que está sendo dada à nossa mocidade não for modificada, no futuro, teremos no ambiente de nossas famílias e consequente, da nossa sociedade, um clima mui propenso às ideias materialistas, que são as mais firmes bases para uma adoção fatal da ideologia comunista.[38]

 

O combate ao comunismo, como bem afirma a citação, seria algo fácil para o país, isso por que os aspectos nos quais o movimento comunista brigava eram pontos considerados como direitos para a população brasileira naquele momento. Ou seja, melhores condições de trabalho, de saúde, educação, moradia, direitos, caso fossem respeitados não seriam, na visão do senador, motivos para a existência de movimentos nas ruas brigando por melhorias em todos os setores da sociedade.  Por isso, o autor do texto afirma ser fácil enfrentar os sujeitos defensores do pensamento comunista.

Além desses aspectos, a citação notifica a fala do senador chamando a atenção para a existência desse movimento na sociedade brasileira como uma ameaça para as futuras gerações, principalmente no que diz respeito à moral da sociedade, pois a visão ideológica defendida pelos comunistas se baseia na perspectiva materialista, ou seja, uma via contrária aos preceitos cristãos defendidos pela Igreja Católica. Na ocasião, o Cruzeiro cita que o pensamento comunista promove muitos danos à Igreja, aos seus representantes, como aos próprios cristãos.[39] Por vários motivos, primeiro devido à própria moral que rege a ideologia comunista, a qual o militante deve promover uma quebra com a estrutura social da sociedade em que vive e buscar instituir uma nova realidade sobreposta aquela, que na visão comunista não é a correta para o bem estar de todos. Por isso, o comunismo via o cristianismo como uma ideologia manipuladora das pessoas, por que inviabilizava o crescimento social.

Para o Cruzeiro, essas pessoas são consideradas como os sujeitos possuidores dos “corações maus”, por que praticam perseguições à Igreja, e aos que preservam os bons costumes da fé católica. Assim, um artigo do Padre Palma, um contribuidor do jornal, mas que envia seus textos de Belém do Pará, diz que os corações maus estão espalhados pelo mundo, por que desconhecem o “Sumo Bem”, e isso é na visão do jornal, como do padre, uma forma de afastar-se de “Deus e dos preceitos do decálogo”.

Nesse caso, o comentário do padre é uma referência aos comunistas, pois, ao passo que eles acreditam em outros princípios ideológicos, o periódico vê nessa ação uma atitude de afastamento dos dez mandamentos cristãos que regem a vida das pessoas, ou para o que considera como algo importante ao crescimento não apenas cívico, mas moral de cada pessoa, que vive naquele contexto.



[1] O texto é parte da minha dissertação de Mestrado, intitulado: O JORNAL CRUZEIRO EM CAXIAS: A construção do cidadão ideal para o mundo do trabalho durante o governo Dutra, apresentado em 2014, ao Programa de Pós-Graduação em História Social da UFMA.

[2] jakson.77@hotmail.com

(99) 981758044

Doutorando em História Social da Amazônia /UFPA

Mestre em História Social/UFMA

Especialista em História do Maranhão/IESF

Graduado em Licenciatura Plena em História/UEMA

[3] CRUZEIRO,  Caxias, Maranhão, Sábado, 12 de janeiro de 1946, Ano XVIII, numero, 535, p.2

[4] Cf. SILVA, op. cit., pp. 143-144.

[5] “Enquanto o presidente Dutra se colocava francamente ao lado dos Estados Unidos, o Partido Comunista reafirmava sua vinculação à União Soviética, e seu líder, Luis Carlos Prestes, chegou a declarar que ficaria do lado deste país caso houvesse uma guerra entre ele e o Brasil, o que foi muito explorado pela imprensa na época”. BERCITO, Sonia de Deus Rodrigues. O Brasil na década de 1940: autoritarismo e democracia. Ed. Ática, São Paulo, 1999, p. 72.

[6] “O comunismo é abolição positiva da propriedade privada, da alienação humana, e portanto a verdadeira apropriação da natureza humana através do e para o homem. O comunismo é, portanto, o retorno do próprio homem como um ser social, isto é, realmente humano; um retorno completo e consciente que assimila toda a riqueza do desenvolvimento prévio”. BOTTOMORE, Tom. Dicionário do pensamento marxista. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 1983, p. 72.

[7] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 12 de janeiro de 1946, Ano XVIII, nº, 535, p. 2.

[8] “O Partido Comunista do Brasil foi fundado em 25 de março de 1922, tendo sofrido, ao longo de sua história, um grande número de crises, algumas das quais resultaram no surgimento de organizações concorrentes, na maioria efêmeras e nem sempre devidamente valorizadas”. Cf. POMAR, Valter. Comunistas do Brasil. Interpretações sobre a cisão de 1962. (Dissertação) USP, (Ano não identificado), p. 6.

[9] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 12 de janeiro de 1946, Ano XVIII, nº 535, p. 2.

[10] “O Governo Dutra se caracterizou pela repressão às atividades comunistas, colocando o PCB na ilegalidade, e pela intervenção do Ministério do Trabalho nos principais sindicatos. Essas medidas provocaram uma perda da autonomia sindical, e isso possibilitou ao Governo a imposição de um semicongelamento dos salários. Tal fato contribuiu para a queda da inflação, pois o aumento dos salários era uma das causas da inflação. Os aumentos salariais elevavam o custo real da mão de obra e, em consequência, os preços subiam, fazendo os sindicatos reivindicarem novos reajustes salariais. Assim, a política anti-inflacionária cortou a espiral preços-salários”. Cf. BOAS, op. cit., p. 32.

[11] “Em 1946, o governo Dutra e diversos setores da classe dominante começaram a tomar posições contra os comunistas com o objetivo de isolar o PCB e barrar o seu crescimento. Coerente com a sua linha política, o PCB impunha aos trabalhadores a bandeira da ordem e da tranquilidade. O temor do retorno ao fascismo e a fragilidade do regime eram os argumentos acionados para inibir manifestações em defesa de melhores salários. Ao mesmo tempo em que ocorriam greves por todo país, o governo Dutra tentava fechar o cerco contra o PCB. Sob a orientação do partido, o Movimento de Unificação dos Trabalhadores (MUT) defendia a liberdade sindical e maior autonomia dos sindicatos para inseri-los na política geral”. Cf. PIRES, Letícia Cristina. As representações anticomunistas sobre as mulheres do PCB no período de 1945-1956. Monografias - Universidade Tuiuti do Paraná, 2000, pp. 216-217.

[12] Cf. FAUSTO, op. cit., p. 221.

[13] “A Guerra Fria, declarada em fins da década de 1940 com o lançamento da doutrina Truman, abriu uma nova página na história. A disputa político-ideológica e militar entre as duas grandes potências daquele período (Estados Unidos e União Soviética) alterou, de maneira significativa, as bases das relações internacionais. O mundo foi marcado pela sombra de uma nova guerra mundial, que, em determinados momentos, pareceu realmente poder acontecer. As armas nucleares intensificariam ainda mais o temor de um conflito internacional, principalmente, por não ser possível calcular suas proporções no Brasil (1950-1956)”. Cf. RIBEIRO, Jayme Fernandes. Os “inimigos da paz”: Estado, imprensa e a repressão ao movimento dos “partidários da paz”. Revista de História. Saelulum; [17] João Pessoa, jul/dez, 2007, pp. 63-78, p. 63.

[14] Cf. BUONICORE, Augusto César Buonicore. Sindicalismo Vermelho: a política sindical do PCB entre 1948 e 1952. Cadernos AEL, v 7, n. 12/13, 2000, p. 16.

[15]  CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 20 de maio de 1950, Ano XVII, nº 675, p. 2.

[16] Cf. AGGIO, op. cit., p. 53.

[17] Cf. Ibid.

[18] Cf. MUNHOZ, Sidnei J.Ecos da Emergência da Guerra Fria no Brasil (1947-1953)http://www.dhi.uem.br/publicacoesdhi/dialogos/volume01/vol6_mesa3.htm. acessado em 14/11/2014, p. 5.

[19] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 12 de janeiro de 1946, Ano XVIII, nº 535, p. 2.

[20]  Ibid.

[21] “O clero brasileiro empenhou-se maciçamente para “recristianizar” a população do país, que em sua ótica estaria se afastando cada vez mais dos ideais cristãos. Ademais, o fortalecimento da postura de combate ao comunismo derivava do medo que a hierarquia sentia em relação a uma possível penetração da ideologia inimiga nos arraiais católicos”. PEREIRA, Marco Antônio Machado Lima. “Guardai-vos dos falsos profetas”: matrizes do discurso anticomunista católico (1935-1937). (Dissertação de Mestrado). Franca: UNESP, 2010, p, 21.

[22] Cf. PIRES, op. cit., p. 220.

[23] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado 19 de janeiro de 1946, Ano. XIII, nº 536, p. 2.

[24] Ibid.

[25] Ibid.

[26] “As representações do comunismo como inimigo absoluto não derivava apenas do medo que conquistasse as classes trabalhadoras. A questão central, na ótica dos responsáveis católicos, no que não estavam desprovidos de razão, é que a nova doutrina questionava os fundamentos básicos das instituições religiosas”. MOTTA, Rodrigo Pato Sá. Em guarda contra o perigo vermelho. O anticomunismo no Brasil (1917-1964). São Paulo: Perspectiva, 2002, p. 20.

[27] “Os anticomunistas manipularam bens simbólicos e utilizaram símbolos e signos para representar negativamente o PCB e, neste caso específico, as pecebistas. A eficácia do imaginário construído sobre os comunistas possibilitou que um consenso fosse imposto pelo discurso jornalístico, marcando os militantes do Partido Comunista do Brasil com a imagem de inimigos”. PIRES, op. cit., p. 234.

[28] “O anticomunismo é o conjunto das atividades realizadas por grupos diversos, que constrói e se guiam por um conjunto de representações que tem sido chamado de imaginário anticomunista. Trata-se de atividades como produção de propaganda, controle e ação policial, estratégias educacionais, pregações religiosas, organização de grupos de ativistas e de manifestações públicas, atuação no legislativo, etc.” RODEGHERO, Carla Simone. Memórias e Avaliações: norte-americanos, católicos e a recepção do anticomunismo brasileiro entre 1945 e 1964. Tese (Doutorado). Porto Alegre: UFRGS, 2002, p. 45.

[29] Cf. Ibid., p. 57.

[30] Ibid.

[31] “A Igreja Católica, durante vários momentos da trajetória política do país, figurou como a principal instituição religiosa a posicionar-se publicamente contrária ao comunismo, mas nesse caso, o discurso ia além de localizá-lo como um inimigo da moral e dos bons costumes, era frequentemente associado ao demônio, personagem que no imaginário cristão é a fonte de todo o mal”. ALMEIDA. Luciane Silva de. “O Comunismo é o Ópio do Povo”: representações dos Batistas sobre o comunismo, o Ecumenismo e o Governo Militar na Bahia (1963 – 1975). (Dissertação) UEFS, Feira de Santana, 2011, p. 72.

[32] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado 19 de janeiro de 1946, Ano. XIII, nº 536, p. 2.

[33] Ibid.

[34] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 6 de julho de 1946, Ano XIII, nº 558, p. 3.

[35] Ibid..

[36] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 6 de julho de 1946, Ano XIII, nº 558, p. 3.

[37] CRUZEIRO, Caxias, Maranhão, sábado, 25 de janeiro de 1947, Ano, XIV, nº 578, p. 2.

[38] Ibid.

[39] “Ao identificar no comunismo seu principal adversário, a Igreja desde logo reconhecia nele a grande força de atração que exerce sobre as massas pauperizadas, nas cidades sobretudo mas também no campo.  E no reconhecimento desta força estava a percepção de um desafio lançado aos católicos. Estes, os leigos, passariam a ser conclamados a atuar como cristãos nos diferentes meios em que vivem, trabalham, estudam. Diante da escalda das forças comunistas, os leigos seriam convocados a se organizar para competir”. CAMARGO, Cândido Procópio Muniz; PIERUCCI, Antonio Flávio de Oliveira; SOUZA, Beatriz Muniz de. Igreja Católica: 1945-1970. In. BORIS, Fausto (org.). O Brasil Republicano: economia e cultura (1930-1964) São Paulo: Difel, 1983, p. 353.

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